A evolução da Alimentação

 

    O homem pré-histórico alimentava-se da caça e de plantas silvestres. Vivia assim à mercê dos recursos naturais e climatéricos, das secas e das inundações. No neolítico aprendeu a domesticar os animais e passou a depender do seu rebanho. Mas a alimentação humana só melhorou um pouco com a aparição e desenvolvimento da agricultura. Porém estava sempre dependente das calamidades naturais, por não se saber armazenar e conservar os alimentos. Havia também contínuas devastações devido às guerras. Daí que a fome assolasse periodicamente os vários continentes.

    A Europa, cerca do ano 1710, não conseguia ainda saciar a fome. Até à primeira metade do século XX, na China, raramente havia um ano sem fome. Esta ainda hoje não desapareceu da Ásia, da Indonésia, da África e de alguns países da América do Sul. Mas felizmente, excepto quando há calamidades ou guerras, as grandes fomes absolutas parecem estar em vias de desaparecimento, embora muitas populações sofram ainda de subalimentação.

    É necessário distinguir entre estas duas espécies de fome: a fome aguda e violenta é a mais espectacular e traduz-se em imagens características - as populações esqueléticas de alguns países ou os mortos-vivos dos campos de concentração; mas existe a outra, menos espectacular - a fome crónica. Trata-se de um estado permanente de subalimentação e de desnutrição que exerce uma acção destrutiva constante, fazendo subir de maneira catastrófica as curvas nos gráficos de mortalidade. As crianças nascem enfraquecidas, debilitadas pelas carências alimentares de que sofrem os seus pais e só uma pequena percentagem atinge a puberdade. Esta fome existe ainda nos países subdesenvolvidos.

    Por outro lado, as crises de fome acabaram-se nos países industrializados, desde que as máquinas agrícolas fizeram a sua aparição e vieram permitir uma cultura intensiva do solo. Transportes rápidos, adubos químicos, irrigação, selecção de plantas e animais, combate aos parasitas agrícolas por meio de insecticidas químicos, criação da indústria das conservas, da indústria do frio, tudo isso transformou a alimentação. Esta transformação foi ainda acelerada pela industrialização da produção agrícola. Poucos produtos são hoje consumidos sem preparação industrial: legumes e frutos, carne, peixe, ovos, leite. A maior parte dos outros (e até parte destes) é preparada industrialmente, tratada por meios mecânicos, esterilizada pelo calor ou por raios ultravioleta, congelada, perfumada, colorida, purificada por produtos químicos, pasteurizada, destilada. A ciência química cria cada vez mais elementos de síntese, em particular produtos vitaminados.

    Esta revolução alimentar provocou o desaparecimento de muitas plantas que antigamente se utilizavam: a dormideira, o trigo mourisco, e mesmo o centeio, que perde terreno de ano para ano. Outros produtos fizeram uma aparição fulgurante, como os óleos de amendoim, de girassol, etc. A policultura tende a dar lugar à monocultura de elevado rendimento; o consumidor está cada vez menos em contacto directo com o produtor; a produção em série dos géneros alimentícios tornou-se uma necessidade comercial.

    O progresso dos meios de transporte e das técnicas permite hoje aos habitantes das regiões mais distantes a disponibilidade de um número muito elevado e variado de produtos alimentares. Legumes frescos e frutas dos países meridionais chegam facilmente aos climas frios. Nos países industrializados, as consequências dos cataclismos naturais apenas se sentem, no plano económico, pela subida dos preços, não pela falta de produtos.

 

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